sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pousado em Sonhos.

Vivo sobre rasgos do passado. Vivo sobre rasgos deixados à solta, libertos num tempo indeterminado, incontrontrolável, sob um êxtase ainda presente. Vivo
sobre as falhas que deixei expostas, sobre os mundos que ignorei, sobre as indeterminações inconclusivas de segundos que não vive. Inspiro os factos que nos dão força, expiro os acontecimentos imagináveis e faço de tudo para ser só eu. Faço de tudo para possibilitar uma escolha que me conduza ao mais profundo triunfo do que anseio ser.
Por caminhos quase indomáveis, trepo os muros da imperfeição, alcanço amostras do futuro e perspectivo o que poderá existir no topo.
Eu vivo pousado em sonhos. Vivo amarrado a fantasias. Vivo acompanhado por desejos que me impulsionam a ser feliz.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

As borboletas.

Sempre acreditei que era a essência de alguém que me faria sentir as borboletas. Havia momentos em que pensava que numa desordem de sentimentos seria essa a única certeza. A dúvida nunca existiu para mim sempre que a temática era esta. Um tema aceso sobre lume brando, livre para inflamar tudo aquilo que lhe é alheio. Livre para contemplar paisagens que não são suas. Livre para explorar vontades de outrém, para tirar proveito de desejos, alimentar-se da sua sede, invadir zonas restritas e cultivar sementes estéreis. É fogo com permissão para entrar e com o direito de sair. E sem estar à espera do início, nem mesmo do fim, deixamo-nos ficar petrificados, irreversivelmente imóveis, estupefactos sem reacção. Permitimos que nos levem o que éramos, ficamos com o que agora somos e, transformados em alguém, esperamos pelo que seremos a seguir.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Mais-que-tudo.

De nada valia se tivesse acontecido de outra forma. De nada valia se eu tivesse fingido não ser esta a minha decisão final. De nada valia se as cores que eu usara, quando pintei a tela, tivessem sido moldadas, misturadas e fabricadas em função das tuas emoções. É verdade que pensei primeiro em mim. Eu iria sempre questionar-me, num acto de suplício, em relação ao que viria a seguir. Seria primordial querer saber e controlar tudo o que envolvia o mundo que coabitávamos, protegendo dessa forma a nossa realidade de vozes e movimentos, provenientes do exterior. Teria sido errado dizer-te que não quis assim. Se tivesse querido diferente, teria lutado num sentido oposto àquele que me encontro a percorrer agora.
Quis tornar claro, para mim mesmo, que vivia em função de uma série de materialidades que não deveriam ser um destaque. Deveriam corresponder a um vulto, quase invisível, que nunca teria permissão para chegar a mim. Eu quis iluminar pensamentos, que além de me ferirem, deixavam rastos que posteriormente te atingiam a ti.
A intensidade com que vivo hoje, não se compara com tempos passados. Com as inúmeras vezes que sorri espontaneamente. Com os olhares que queria depositar em terreno que a ti pertencia. Com os momentos em que prevalecera a ansiedade de querer encostar-me ao meu mais-que-tudo e unificar o tempo e o espaço, numa realidade fecundada e exacerbada em amor.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Só depois do apogeu.

Nascemos para morrer. Nascemos para um dia deixar tudo para trás e ser qualquer coisa que agora nos ultrassa na definição que lhe está implícita. Sabemos que sim. Sabemos que não são calunias ou invenções de estranhos. Até pode ser assim, mas só depois do apogeu. Só depois das infinitas vezes que sair da minha boca palavras que quero dirigir a ti. Só depois de eu ser sempre eu e nunca me esconder com medo que não entendas, que fujas, que te perca como alguém que perdeu a guerra. Só depois de te abraçar sob uma chuva de meteoritos que se viessem contra nós não nos importariamos, por já termos tudo, tudo o que poderiamos ter naquele compasso de tempo que delineámos para ser nosso. Nunca vais esquecer o que te disser. "Nunca vais esquecer, porque não terás tempo para o fazer", porque vou reproduzir o mesmo vezes suficientes para que nunca te falhe parte dessa memória.
Não me vou importar quando me for embora, desde que fique claro que o meu caminho foi traçado e delineado segundo pedaços que tambem eram teus. Não me vou importar quando me for embora, desde que fique em ti parte daquilo que sou e que cresceu enquanto estivemos unidos. Eu não me vou importar de ser mais uma estrela no céu. Eu vou ser a mais brilhante porque tenho luz suficiente, irradiada por ti, que me destaca num clima onde as estrelas são todas iguais. Eu não me vou importar porque ficou tudo feito, porque ficou tudo dito, porque senti até demais.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sem me despedir.

Foram dias passados a criar alguém que não correspondia ao que queria ser na verdade. Foram datas confusas e marcações feitas por mim num calendário que eu nunca consegui respeitar inteiramente. Às vezes fazemos tentativas falhadas na procura intensa do modo como devemos ou não agir. Talvez se não pensasse, as primeiras tentativas teriam sido aproveitadas e não deitádas ao nada como se de lixo se tratasse. Eu estive aqui e dei o meu melhor. Tentei erguer alguma coisa consistente que fosse idealizada pelos dois. Estive aqui em alturas em que me apetecia a fuga, mas deixei-me ficar,com medo de destruir a imagem que tinhas de mim. Estive aqui, mas já não estou. Sinto que dei o que devia, sinto que atinge o limite que por mim seria suportável e fui embora sem me despedir.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

No mundo dos sonhadores.

Construirei o Império. É assim que será feito. Foi assim idealizado. Haverá grandeza nesta realidade. Será do esforço das próprias mãos. É porque acreditamos na imagem da mente, que ela se desloca para o mundo real, é porque não nos ficamos pelas palavras que os actos ganham vantagem, é porque somos cavaleiros andantes que o nosso reino se ergue em fúria. Não deixo que fique em pensamentos aquilo que vejo como uma possibilidade, não pretendo desistir de mim quando acredito que sou capaz. É o prestígio da vontade que nos faz aumentar a nossa influência, é com ele que combatemos barreiras, é com ele que atingimos metas. A minha singularidade vai fazer-se sentir, vai permitir-se ver, vai surgir entre as demais e salientar-se com um brilho próprio. Nunca serei um entre uma multidão. Serei sempre parte integrante, associada, mas necessária e permanente no mundo dos sonhadores.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um alguém assim.

É quando me dá mais vontade de expressar tudo o que sou. É quando o auge dos sentidos me motivam a subir a montanha mais alta e gritar aquilo que me faz ser eu. Quando os actos deixam de ser actos e os pensamentos ganham intensidade própria, eu sei que fui feito para os vencer.
Apetece-nos fechar a porta, aumentar o volume da música, esquecer que parte do mundo existe, ficar aos mimos ao gato e sermos só nós. E isso não nos traz nada senão pensamentos exaustivos e vontades absurdas que nos façam ser alguém diferente de nós próprios. Até podemos pensar no contrário, podemos imaginar que nada existe para além desta realidade momentânea e que o mundo é apenas por nós construído. Mas é errado. Mentira. Irreal. Os outros fazem parte, os outros são fusões de nós próprios porque nós os incentivamos a ser. Porque somos seres sociais e não conseguimos viver de outra forma que não inclua alguém presente. Alguém presente que diga qualquer coisa estupida num momento crucial. Alguém presente que transporte o nosso lado mais amargo e desabrido. Alguém presente que nos remeta uma crítica inconsulável, mas que sabemos que temos de aceitar. Alguém que se não estivesse presente, as coisas tornar-se-iam mais difíceis, insuportávelmente sufocantes e indestrutíveis. Sei que tenho um alguém assim, e sei que o vou resguardar.

domingo, 6 de novembro de 2011

Espírito próprio.

É tudo como eu queria. Tudo como eu desejava. tudo como eu queria sentir. Tudo aquilo que eu quero viver. O palco que eu quero pisar, o fruto que eu quero provar.
Se as coisas impossiveis existem, eu desconheço essa definição. Existem feridas que foram feitas para serem sentidas num dia e saradas no próximo. Existem amplitudes e termos em mim, que eu próprio não sou capaz de exemplificar, com o objectivo de me fazer entender. Mas sei que são minhas e que podem conduzir-me ao meu auge. Consigo sentir-me a fervelhar por dentro sempre que penso na possibilidade de viver um dia alguma coisa assim. Assim tão quente, assim tão excitante, assim tão eu e tu. Dei por terminada uma história que eu achava já ter tido um fim. Faltava-lhe o ponto final. Concluí situações anteriormente vividas remetendo-me a um passado ilusório que me fez recordar quem fui. Ultrapassei aquilo que me deixaste, não rastejei por entre os obstáculos... saltei por cima com a garra que me é intrinseca. Nunca conseguiste acabar com aquilo que eu sou e que alguém um dia vai voltar a conhecer. Nunca conseguiste protagonizar por muito tempo cada momento em que tentavas conduzir-me a ti. Saias sempre de cena quando te envolvias num discurso ao qual não eras leal.
Era injusto se eu estivesse preso a algo assim. Algo que nunca foi aquilo que para mim fizesse sentido, por não ser uma coisa que eu desejava viver. Agora anseio momentos vitais que me façam sentir mais eu. É a força de um espírito próprio que me faz levantar de manhã. É a vontade, de querer o melhor do dia, que se entrega à descoberta do mesmo. É por querer saber quem és que sinto o nascer de um outro alguém, que futuramente vou ser eu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Isto tudo sou eu.

Aquilo que para ti é estranho, eu vejo como parte de mim. Parte fundamental que me diferencia de um mundo homogéneo por si só. Aquilo que a ti te repugna, soltasse em mim para te fazer oscilar, para te fazer estremecer e quereres saber o que é. Aquilo de que falas e que não conheces, já é o meu dia-a-dia constante, rotineiro e automático, que nunca irás atingir. Sou parte de uma mensagem que alguém pretende transmitir a indivíduos como tu, a individuos escondidos entre tantos outros iguais. Isto tudo sou eu. E sei que não é uma réplica de outrém. Isto tudo sou eu, mesmo quando me comparo a semelhantes. Isto tudo sou eu, e se tu tiveres vontade, podes compreender o porquê. Podes conhecer parte. Podes pedir licença e descobrir.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Próximo nascer do sol.

Se de entre sete dias da semana, eu pudesse escolher um dia para não ser um dia meu, eu escolheria o dia de hoje. Ponderava entre todos os dias que estiveste presente, fisica ou mentalmente, mas o de hoje sairia "vencedor". Soltava-me desta agenda rotineira que me prende ao presente enrroscado em nós. Largava toda a minha individualidade para encorporar por vinte e quatro horas a individualidade de alguém que fosse o oposto daquilo que eu sou. Não trairia o meu próprio ser, deixava-o apenas repousar até eu voltar. Até voltar forte o suficiente para continuar a lidar com tudo como fiz até agora. Sei que é uma procura desesperada por alguma coisa que não tenho, sei tambem que é uma loucura melancólica com base em ideias peregrinas que nunca me deixem agir com naturalidade. Mas é aquilo que eu tenho para oferecer a alguém que quiser trocar comigo até ao próximo nascer do sol. Não quero viver uma vida que não é a minha. Só quero descansar de a viver por um tempo exacto e delineado por mim, até conseguir agarrar-lhe uma vez mais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Imagem de fundo.

Na inconsciência de tudo, permanecemos intactos no decorrer dos momentos. A fragilidade que sentes perante o confronto que vos é exigido, está implicita em todas as histórias anteriormente escritas e que se revelam semelhantes ao que acontece agora. Não se trata de saber o que fazer ou não. O que é certo ou errado naquele momento. Trata-se de decidir o que queres sentir. E podes tu decidir isso? Saberias o que decidir se o pudesses fazer?
Vais ser sempre obrigado a manter a calma e a concentração, como em tudo na tua vida. Mas manter a concentração neste momento parece-te um desvio ao que é suposto acontecer. Não é suposto acontecer nada, mas talvez esteja a acontecer mais do que algum dos dois consegue imaginar. Muito possivelmente estão a partilhar o mesmo pensamento, muito provávelmente querem os dois dar um tiro certeiro e mostrarem-se capazes de avançar com a situação. Mostrarem-se aptos um ao outro, mostrar que conseguem a genuinidade, mostrar que podem ser o ideal.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

De nós.

Visualizo imagens tuas com vontade de sentir a realidade de ti mesmo. Sinto sede de conhecer quem é o representante de uma personagem que me apresentaste anteriormente. Agora tenho ao meu alcance o que queria ter há uns tempos atrás. Agora falo, sinto e penso como seria se estivesses aqui. Seria tudo igual ou tudo diferente. Seria o mesmo mundo ou outro paralelo a este. Seria uma temporada de histórias ou um desvio por páginas que não desfolhámos. Eu seria eu próprio, tu serias igual?
Um dia destes, enquanto eu estiver distraido e tu estiveres por perto, vais permitir-me percorrer os caminhos indirectos que me ligam a ti. Vou cheirar, sugar, saborear e conhecer intimamente o que de ti ainda me é desconhecido por inteiro. Vamos partilhar cores de um dia só nosso, a mensagem de uma música ou o suspiro de alguém no interior de cada um de nós.
É tudo uma hipótese que eu quero tornar numa certeza absoluta. Talvez eu venha a conhecer quem és. Talvez eu memorize o contorno subtil dos teus olhos. Talvez seja eu o receptor de uma mensagem transmitida por ti, num momento que não faz parte das vinte e quatro horas do nosso dia, mas que pertence apenas à subjectividade de um mundo que é de nós dois.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um passo atrás.

Passamos anos sem saber quem somos. Passamos dias a fio na dura descoberta do nosso próprio íntimo. Queremos à força saber que ligação é a nossa com o universo, o que nos une ao incomum e nos afasta do mais vulgar. Quando não encontramos respostas aceitáveis às questões que colocamos, sentimo-nos como um nada que se transforma cada vez mais num tudo, sem razão aparente para evoluir.
Todos temos algo para descobrir em relação a nós mesmos. Todos podemos, de um momento para o outro, tornármo-nos alguem diferente daquilo a que estávamos habituados a ser. Simplesmente porque nós nao somos um, somos vários. As circunstâncias alteram-nos e nós moldamo-nos aos tempos. Tentamos actualizações próprias que nos permitam a compensação de tudo. Nós somos os representantes de uma história que é vivida sempre em função de cada um. Nós somos nós e ao mesmo tempo somos os outros, quando nos queremos comparar a eles. Encenamos momentos e fingimos dores que nem são nossas, para tentarmos compreender os nossos semelhantes. Porque assim é mais fácil. Sentir e compreender é diferente de fingir compreender sem tentarmos sentir, é por isso que o fazemos. Tantas e tantas vezes, algumas delas nem nos apercebemos.
É tudo um acontecimento incerto, nunca sabemos o próximo passo, sabemos apenas que o iremos dar, porque recuar nunca é opção.

sábado, 23 de julho de 2011

Só meu.

Parte de mim vive em sufoco perante aquilo que idealizei. Pedaços da minha alma soltaram-se no tempo porque tinham medo que eu os destruisse. Peças do puzzle experimental, tornam-se cada vez mais dinâmicas e encaixam-se em lugares que eu nunca permitiria se estive consciente disso. Tudo em mim se individualizou e ganhou independência perante as minhas próprias acções. Agora já não sou eu que controlo o pouco que ainda podia controlar, já não possuo a vantagem ou desvantagem de submeter tudo e todos às minhas vontades e desejos mais insólitos. Deixei no papel amarelado, onde escrevi os nossos nomes, todas as lembranças de uma pessoa à qual agora não correspondo. Deixei por entre sonhos e ilusões as perspectivas que tinha para a construção de um novo eu. Não vou mais acreditar que podemos mudar aquilo que somos, porque não podemos. É a unica verdade absoluta, aquilo que somos transpõe sempre o nosso íntimo e não se deixa apagar por mais que queiramos. O genuíno é a nossa unica herança final. É próprio, é legítimo e é puro, não nos podemos desfazer dele.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quem me quiser ouvir.

Sabes onde ficou? Ficou tudo na intemporalidade do espaço onde andámos um dia.
Ficou tudo na penumbra dos acontecimentos por ti e por mim provocados. Ficou tudo por entre o desassossego e inquietação de uma revolta que não era só minha. Ficou tudo descrito nas palavras ásperas, amargas e incómodas, dirigidas a ti num momento de perdição. Não são memórias passadas, são recordações intemporais de sentimentos que sei que vou voltar a viver.
Sinto-me singural agora. Sinto-me a recriar um eu cuja existência se tornou desconhecida desde então. Penetram-me laços de desejos e vontades que eu próprio rejeito abraçar, com medo que o resultado seja desastroso. Infiltram-se em mim razões e explicações lógicas para aquilo que eu posso admitir querer viver futuramente. Mas nenhuma razão ou explicação se torna suficientemente capaz de me fazer avançar. Nenhuma é sólida que chegue, para que eu permita que destrua tudo o que deixaste em mim. E vou vivendo sob a procura da dissolução do meu passado, vou vivendo sob a permamente memória de tudo o que errei e de tudo o que não posso voltar a errar. Vou vivendo consciente de que tenho o que é preciso para voltar a sorrir, para voltar a amar, para voltar a ser, para voltar a entregar e receber, para quem me quiser ouvir.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quase-morte.

Tens o real e o imaginário, e nenhum deles é um caminho teu. Porque não são tão confusos como o rasto no areal, deixado por ti ao sair. Tambem só deixaste o rasto, levaste tudo o resto contigo como se tudo te pertencesse. Foi sobre amarras e forças, mantendo-me preso ao chão, que deixei suspenso, por longos momentos, o sentimento que ainda guardava de alguém que um dia foste tu. De alguém que construiu e destruiu, de alguém que amei e odeei, de algúem por quem poderia dar tudo, e de quem nunca esperei nada. Entre um misto de desespero e cólera, desvanece-mos tudo o que nos unia, num plano central de uma história terminada. Eu era o teu guião, representavas segundo momentos meus, aproveitando qualquer situação onde as minhas próprias palavras me atraiçoavam...
Presentemente sinto-me eu, sinto-me um eu singular que se libertou de ti. Deixei as interrupções do passado, delineei uma meta presente, e vou reerguer-me no futuro.
Foi um momento quase-morte, e eu tenho consciência disso.

domingo, 3 de julho de 2011

Taste.

Eu gosto da maneira como o fazes. Gosto de sentir que tens tudo para dar e que posso ser eu a receber. Cada pedaço de mim que tu arranhas e desfias, são pedaços que se soltam porque eu os deixo ir. Acontece sempre que me entrego a um momento teu. Exploras as minhas vontades sem saberes que o estás a fazer, tentas de formas imaginárias chegar ao foco da questão. Talvez não sejas tu a tentar, talvez seja só eu a deixar-me ir ...
Não me interessa de quem é o protagonismo, mas interessa-me saber quem és tu. Quero saber, mais do que tudo, que papel é o teu no filme que passa no meu ecrã. Quero sentir, mais do que já senti, o teu sorriso a rasgar-me o rosto. Seja o que for que eu esteja à espera, não é algo que eu tenho premeditado. Faço tudo porque sinto vontade e impulso para fazer, dou e recebo porque não quero ficar com nada nem com tudo, quero saborear contigo a vitória de te ver sorrir.
Eu vou continuar a fazê-lo. Tu vais continuar a permitir. Talvez um dia o faremos juntos.

sábado, 18 de junho de 2011

War.

É uma definição indefinida, que eu não consigo definir.
Está patente a repulsa ao sentimento que nos prende ao chão. Sentes uma tentação de voar? Sentes que tens asas para o fazer? Sentes que o mundo agora não te impedia, de ser tudo o que sempre quiseste ser.
O mundo nunca te impediu. Foste tu que obstruiste o teu próprio espaço. O causador dessa frustação só teve um interveniente. Tu próprio.
Esquece. Ninguém consegue ser duas personalidades em simultâneo. Ou secalhar ninguém consegue, excepto tu ... e quem está errado sou eu.
Fixaste o tempo, como um cronómetro que agora me pertence tambem. Serás sempre um símbolo do que aconteceu e do disfarce que tentaste imitar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A cor ao regressar.

O libertar dos tempos e dos espaços,
Como defesa do teu próprio organismo
É um método em vão
Quando em ti se exalta a força e a vontade
De descobrir o que vem a seguir.

Se não te interessas pelo que tens em posse,
Resta-te encontrar o que está por desvendar
Mas não o esperes fazer se te renderes à inércia.

Provoca os teus sentidos,
Estimula e direcciona-os,
Activa uma reacção qualquer
Uma qualquer não,
Uma que consiga chegar aqui...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Encarceramento.

A cópula terminou. A cópula nunca existiu.
Se quiseste ou não, não sei. Nem tu sabes se fui eu que quis que acontecesse. É uma realidade, inevitável, que nem mesmo tu consegues encobrir.
Terminámos as partilhas de futilidades que nos ligavam, futilidades essas que, com o passar do tempo, eu desejava que se tornassem palavras consideráveis, expressas por alguém que para mim fosse o auge.
Se o tempo e o espaço me derem indícios que tu estás por perto, mesmo que as aparências sejam de recuos constantes, eu vou voltar à tua porta. E tu vais lá estar?
Procurar-te-ei.
Porque eu sei o nome dessa rua. Sei o número do teu andar. Sei o caminho breve, para chegar ao teu coração.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Às vezes céu azul. Às vezes tempestade.

Ás vezes as maiores preocupações que temos, são os motivos que nos fazem querer viver cada dia mais intensamente que o dia anterior. Tudo porque somos seres que queremos alcançar uma perspectiva perfeita de tudo aquilo que nos rodeia, ou simplesmente porque aquilo que nos preocupa é um motivo para não ficarmos sentados, para nos levantarmos à procura de uma solução.
Não acho que seja o caso de todos à minha volta. Mas é o meu.
No meu íntimo não existe muita coisa que eu costume mostrar com facilidade, não porque tenho medo de mostrar, mas porque quero esconder. Para que sejas tu a descobrir.
Para que sintas vontade de querer saber mais e mais, e assim ficares ligado a mim.
Se eu não vivesse cada dia, para cada solução ou resposta aos problemas que construo mentalmente, então não seria eu. Não significa que eu seja problemático, ou o principe do melodrama, apenas quero ter um motivo para continuar vivo, mesmo que seja um motivo de apenas vinto e quatro horas.
Não é um bom dia para falar de motivos, porque me sinto sem saber se o que sinto é um motivo ou não para me mover. Porque não percebo que realidade é a tua de viver na irrealidade constante, como se tudo dependesse disso. Digo a mim mesmo que vou saber, se és motivo ou não. Se perceber que consigo que a minha realidade seja uma ínfima parte da irrealidade que constróis, então talvez eu queira realizar uma fecundação das duas.
Eu vou guiar-me pelo tempo, da janela do meu quarto.
Às vezes céu azul. Às vezes tempestade.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sun of a gun.

Se existe algo mais profundo do que aquilo a que eu estou habituado a ver, reserva-o para mim.
Se há algo mais, por detrás do que me costumas deixar ver, reserva-o para mim.
Se todas as coisas com as quais eu fui convivendo até agora são o minímo, e tu queres dar-me mais, então reserva-o para mim.
Se não consegues suportar mais o facto de seres monótono e efémero, então torna-te invencível e dinâmico, e não te esqueças de o reservares para mim.
Não digo que a espera seja uma coisa má, na medida em que me permite ter uma amplitude maior daquilo que se passa em redor, onde eu sou o centro.
Foi há muito tempo que eu larguei as arestas de qualquer dado que tu lançavas. Foi há muito tempo que eu deixei de estar no limiar, para passar a ser eu a virtude.
Se tens alguma coisa para mostrar, fazer, sublinhar ou dizer, fá-lo já.
Porque estou impaciente.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Íris.

Não estive a olhar para o relógio.
Se estivesse a olhar para algo, não seria de certo para o meu relógio.
Não me lembro, não senti, não pensei há quanto tempo estaria eu ali sentado.
Não me permitia a mim mesmo pensar, focava-me em algo muito mais excitante.
Focava-me numa imagem, focava-me num vulto, focava-me em ti.
Poderia passar horas a tentar retirar o retrato perfeito, e depois teria de conviver com o problema de não conseguir escolher qual deles seria.
Por essas e outras razões, limitei-me ao olhar. Cruzei-o, entrelacei-o, fiz linhas paralelas e perpendiculares com direcções que eram tuas, só para que houvesse intersecção.
Não era necessário, já existia.
E o que existia eu não sabia responder se alguém se lembrasse de me perguntar. Sei que existia cor, brilho e luz.. lembro-me disso quando me direccionava para ele.
Cruzei os braços, apertei as mãos, entreti-me estupidamente com o papel que restou do açúcar do café que havia bebido, tudo para ter algo que me prendesse aquela mesa e não me deixasse querer ir. Ao mesmo tempo prendia-te a ti, tentava que quisesses ficar, retirei toda a monotonia à situação cada vez que te lançava olhares diversos, sempre com intensidades que nao tinham nada haver... para que quisesses sempre saber como seria o próximo.
E tu lá ficaste, com vontade de descobrir.

sábado, 23 de abril de 2011

Ar puro.

Precisamos de aprender a respirar.
Para conseguir pensar claramente.
Para ver claramente.
Para sentir o certo e não o errado.
Abri as portas aos horizontes e deixei que inundassem o meu mundo. Não perguntaram se poderiam entrar, mas eu tambem não lhes iria impedir a passagem.
Se de súbito ocorreu algum tipo de mudança em mim, foi porque eu decidi assim... porque os horizontes mudaram e o sentido das coisas jamais será o mesmo. Não sou sempre eu que decido, mas sou sempre o submisso das decisões que a vida me reserva. Não é destino, são vivências. Não acredito na falácia em que tudo está programado, em que tudo foi detalhadamente perspectivado por alguém que não nós mesmos. O que eu decido viver irá trazer-me, mais cedo ou mais tarde, consequências.
Consequências boas ou consequências más.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fuga.

Tentamos fugir dos medos que se unem a nós, mas é impossivel. Às vezes são medos que nem têm capacidade para o ser. Mas são os nossos medos e isso é incontrolável.
Admitimos o que não somos e fugimos a uma realidade obscura que escondemos com cores vivas. Esquecemo-nos que não é apenas com cores vivas que se joga. O obscuro tambem deve fazer parte do baralho, ou até contar como um trunfo, uma carta na nossa manga. Quem sabe joga assim. Aqueles que não atingem ficam à margem.
Não é uma lei, não é uma regra, é só um modo de lutar contra a insanidade.
Não o consigo fazer sempre, só às vezes. E necessito daquele exercicio idiota de contar até três e respirar fundo entre cada algarismo.
Não gosto deste lado de nós. Parte racional que nos prende no momento em que a liberdade deveria prevalecer.
Vou cortar o que me mantém ligado ao desnecessário. Vou esquecer-me que tenho alguma coisa a prender-me a isso, mesmo que seja irrelevante. Pensar não será para mim uma actividade diária, se o titulo fores tu.
E se algum dia eu tiver de mudar, não vou mudar quem sou.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Suspenso.

Tudo o que eu conseguisse fazer, seria pouco para me sentir mais perto. Tudo o que eu pudesse sentir, não chegaria para exaltar o que era mais verdadeiro num momento crucial.
Uma ínfima parte, por mais errada que fosse, queria-te fora do caminho. Para se tornar mais fácil o andar involuntário. Mas havia algo suspenso, não firme, a vaguear .. que pedia que ficasses. Não por muito tempo. Ou por um tempo infinito. Para eu puder deliciar-me. Ou para ganhar tempo e arquitectar uma boa forma que te fizesse querer sair. Para que a escolha não fosse minha. Mas para ser eu o prisioneiro de uma decisão que a ti pertencia. Não era nada do que eu queria. Mas era tudo o que eu deveria querer.
Nada do que é fácil me preenche. O vulgar não me alimenta o ego. O comum não me satisfaz. Os desejos impossivelmente insaciáveis, são os que me fazem sentir mais vivo. São os que me fazem ser, estupidamente, eu.
Mas em última análise. Em fase terminal. São aqueles que me destroem.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tela.

Vou pintar uma tela.
Vou pintá-la de branco.
E esquecer-me de ti.
Esquecer-me de mim.
Esquecer o mundo.
Vou olhar para ela sem me arrepiar.
Porque já não é nada.
Já não dói.
Já não destrói.
Já não magoa.
Perguntam-me e eu respondo sem gritar.
Porque voltei a ser só eu.
Não sei como consegui.
Mentira. Eu sei.
Eu sei porque o fiz sozinho.
Eu sei porque...
Eu sei porque sei.
E não tenho de explicar como sei.
Vou lavar os pincéis.
Com os quais pintei a tela.
Vou lavá-los porque mais tarde vou precisar deles.
Porque quando tudo voltar.
Vou utilizar o preto.
E outra tela.