domingo, 20 de julho de 2014

não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar.

é à noite quando a cama está fria que sabes e sentes o melhor que poderias ser. é à noite quando a cama está fria, quando a cólera te embalada e a distância te acalma que ouves tudo o que ficou por dizer. e no desespero embrulhado em medo perdes a noção do tempo que não tens, perdes os abraços que seriam abrigos, abandonas crenças que já fizeram sentido e acreditas que a dissipação do agora será cortesia do amanhã. podes não ter certeza alguma, podes nunca vir a ter certeza alguma. podes não saber esclarecer-te em nada, podes não imaginar um futuro melhor. mas não dês licença a uma incerteza maior que a razão de estar vivo. e não há maior razão do que o privilégio. o privilégio da inelutável força que te incita o sonho. que te estimula os dias. que te resolve em verdade, que se apresenta em amor. | não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar |

domingo, 13 de julho de 2014

se pudesse escolher tinha nascido nos teus braços.

quero um sonho e quero viver outra vez. não acredito sequer que me faça mal aquilo que dói no retorno inevitável. é uma dor de regresso, preenchida e suportada pelo medo de falhar. na realidade somos ambos seres humanos e o impecável acontece quase sempre, e quase sempre é tanto tempo quando estás com quem amas. desfaço-me em pensamentos e nenhum existe sem ti. acredito que enquanto cresci ninguém me contou a verdade toda, ninguém me contou que seria difícil, ninguém me contou que só os melhores conseguiriam fazê-lo, ninguém me contou que amar não era apenas curar feridas mas que também incluía poupa-las. se pudesse escolher tinha nascido nos teus braços, para poupar tempo. para conhecer desde cedo o motivo da existência, para perder no meu primeiro instante todos os sentidos possíveis. para aceder ao descontrolo fatídico da alma. numa entrega total, a ti e ao mundo tambem. a minha cama está fria e tu estás ausente. mas está calor lá fora. o mundo espera-nos num abraço e se alguém acredita eu não posso contrariar esta crença. não mereço fazê-lo. efectivamente, bater com a porta é uma dor insuportável. mas foda-se, eu não conheço esta acção. creio apenas que voltar representa a sensação mais bonita de um todo que nos envolve.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

todos nós pertencemos a estrelas.

na permanência dos instantes onde te encontro em cada falha minha descubro a estabilidade que eu próprio decidi em mim. não havia tentado antes deixar ficar o inconcebível. a imaterial relação que mantenho presente numa órbita que é tua seria uma trajectória até então desconhecida, na qual hoje não tenho qualquer receio de vaguear. é involuntário. cedo ao mais íntimo desejo de ti e permito-me tocar no fundo. no fundo de nós. no reentrante abraço em que conquistaste fragmentos meus. onde desisti por completo de uma entidade particular e ofereci o poder inesgotável do degustar da pele que é minha. só minha. em parte tua, enquanto margem iminente para o amor acontecer. eu não sei se um amanhã será assim, eu sei que o hoje é assim. e o hoje pertence ao amanhã e pertence ao ontem tambem. e todos nós pertencemos a estrelas. e a fusões. e a cedências. e recapitulando uma mesma história: talvez exista uma estrela com o nosso nome cravado.

terça-feira, 1 de julho de 2014

se eu quiser, não será Inverno.

entre um nada que é tudo e um tudo que significa nada, nunca sei em qual dos dois te deva deixar ficar. por alguma razão que até hoje desconheço ficas sempre num dos lados a favor da inconsciência. e deixo-te permanecer até o Inverno chegar. enquanto existe Verão fode-me todos os dias. enquanto o ambiente está quente não me deixes dormir sozinho e sempre que sentires Inverno não deixes o tempo passar. vamos estar aqui. fazer aqui. ser aqui. tudo aquilo que descrever uma estação que é só nossa. em tudo o que nos lembrar o porquê de permanecermos. geralmente nunca sei a acepção com que me assistes, mas sei que amo cada traço que tenho teu. mas sei que existo no instante doloroso em que me tocas. e sei que amanhã, se eu quiser, não será Inverno.