quarta-feira, 10 de abril de 2013

algures nos reencontros.

É num consumo abusivo de melancolia que eu descubro o pior de quem consigo ser. É por onde encontro falhas efusivas de alguém que eu pensava já ter morrido. Mas volta uma vez mais. Volta para se despedir e se fazer notar. Volta para que eu não me esqueça o quanto dói. Volta para me relembrar que sangro uma vez mais e me cubro de medo de quem sou. Tu assustas-me. Assustas-me porque pensas na morte e na vida em simultâneo. Assustas-me porque não descobres a cor que perdeste algures nos reencontros. Assustas-me porque és, a maior parte do tempo, alguém que nunca pretende ir embora e não voltar. Assustas-me porque eu nunca me entrego a momentos, nunca me entrego a emoções, nunca me entrego a seres ausentes, mas entrego-me e entregar-me-ei a algo teu, sempre que não reconhecer uma outra saída.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

aquelas que sangram mais.

Tento sempre que os dias pareçam dias e não memórias sufocantes de concretizações falhadas ou tentativas inúteis de me sentir um ser feliz. A maior verdade de todas reside no facto de nunca ser um desperdício. Todas as tentativas, falhadas ou não, correspondem a menos um obstáculo que me impede de chegar onde preciso. E dói. E custa. Às vezes mata. Por vezes mói. Mas nunca representa um momento neutro. Todos os corpos são feitos de peles rasgadas e cicatrizações rápidas de feridas que nos chegam como males menores. Mas são sempre aquelas que sangram mais. São sempre aquelas que tememos mais vezes. São sempre as mais profundas e as mais invisíveis. São constantemente sentidas, apenas por mim. Tormentas que nos aparecem em sonhos e em pesadelos. Pensamentos ditos inevitáveis que nos ocorrem num instante só.