domingo, 25 de dezembro de 2016

obrigado.

resisti. persisti. e por teimosia muitas vezes voltei. por teimosia e por Amor. sim, porque só por Amor é que podemos ter a coragem que eu tive para tentar uma e outra vez. encontrei inúmeras vezes questões que pensava poder responder sozinho, sem reconhecer que muitas delas não tinham em si uma resposta à vista. ainda hoje eu sei que a resposta é uma incógnita sem resolução. e até prefiro que assim seja. prefiro a leveza de um dia sem pensar que poderia ter feito algo que deixei por fazer, que poderia ter feito isto ou aquilo de uma forma diferente. prefiro assim porque tudo o que deixei feito, deixei feito com o coração. com verdade. com certeza. com Amor. agora sei que nunca errei comigo próprio em todas as ocasiões em que lutei por ti. em todos os passos que dei em falso para te poder agarrar uma vez mais. mesmo que os tenha dado por entre impulsos e medos que o meu foro emocional não foi capaz de controlar. magoei-me apenas a mim. obrigado por teres ido embora. obrigado por teres desistido quando eu achava que já tinhas ficado. obrigado por nunca teres tido a coragem sincera de me dizeres que estavas a fechar uma porta que havíamos aberto juntos. obrigado por todas as vezes em que me perguntei quem eras, quando a pessoa que foste não existia há tempo suficiente para eu não querer mais ficar. eu fui forçado a sair de algo que tinha construído contigo e, simultaneamente, fui forçado a redescobrir-me em mim. e eu sou tão grande Foda-se. há apenas uma coisa da qual me possa arrepender hoje: saber que nunca terás noção alguma do tanto que eu sou. viverás apenas com a miragem do pouco que conseguiste ver de mim. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

o horizonte para além de nós mesmos

encontra-te. diante do hemisfério que te separa do mundo, encontra-te. antes de permitires a existência de uma estabilidade emocional com o todo envolvente, encontra-a em ti. dentro de ti. somente e tão simplesmente por ti e para ti. diz o clichê: aquilo que mais procuramos representa respectivamente o mais custoso de encontrar. a realidade torna-se explícita por assistirmos constantemente a uma procura incansável pela essência que há em nós. pela grande parte do tempo vivido se revelar como que uma investigação ao nosso mais íntimo em indagações a respeito do que somos e o que queremos um dia ser. não esperes por um porto seguro em alguém, se tu próprio não evidenciares um porto seguro em ti. todos ansiamos pelo momento em que podemos confiar fragilidades tão incondicionalmente como o laço que nos une ao Outro. contudo, deverá estar presente a necessidade de sabermos conviver em primeira instância com o pior que se inclui em nós. os outros não são, nem devem ser, como que um depósito de imperfeições com as quais não sabemos lidar aquando a solidão. ao invés disso deverão patentear um Ser capaz de demonstrar os seus mais voluptuosos instintos com a noção clara e precisa de que todos temos um lado menos bom. o horizonte para além de nós mesmos representa o Mundo. o grande passo para além do abismo deverá começar em nós.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

eu acredito, espero que acredites também.

existem questões que ficarão sempre por esclarecer. porque existem respostas que simplesmente se contradizem ou porque no fundo não encontramos nenhuma que se destaque das outras. o amor e as razões que o sustentam são algumas questões que dependem só de nós. dependem daquilo em que acreditamos. dependem de um passado, de um presente, de um futuro que não é comum a todos. eu não sei. acho que nunca soube, nem saberei um dia, a resposta mais acertada para as questões que me encontram. sei somente que existes em todas elas. encontro-te em todas e não foges a nenhuma. involuntariamente, ou não, eu existo em ti. tu existes em mim. e tudo o que existe em nós pertence por unanimidade a uma existência que partilhamos a dois. não conheço lugar algum que eu deseje mais do que o espaço que encontrei em ti. eu sei que não há forma de prometer que nunca falharei contigo, sei até que nunca se deve prometer tal coisa ... mas posso prometer que tentarei não desunir a linha ténue do perdão. ou pelo menos tentarei justificar-me se em algum momento o fizer. conheço a força que a sustenta - o respeito. o sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém que amamos. um dia, li algures uma das mais bonitas declarações de amor puro: 'não teremos tempo, tendo muito tempo, para sequer sentir ou pôr a hipótese de um dia nos findarmos. começamos e recomeçamos um no outro, sempre.' eu acredito, espero que acredites também.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

a luta constante de quem se permite amar.

existe na tua pele o toque inexplicável de alguém que não toquei. existe em ti a conjugação quase perfeita de todos os verbos que não vivi. existe a máxima que respeito e que se confunde no presente. existe em cada espaço teu um espaço meu que não ocupo. existes em omnipresença todas as noites em que te permito existires. em ti existe o dia, existe a noite e o crepúsculo. em ti existe a descoberta de novos mundos e a sina de os viver. em ti existe a luta constante de quem se permite amar. existo em ti e permaneço. e nunca a minha vida conheceu uma existência assim.

domingo, 20 de julho de 2014

não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar.

é à noite quando a cama está fria que sabes e sentes o melhor que poderias ser. é à noite quando a cama está fria, quando a cólera te embalada e a distância te acalma que ouves tudo o que ficou por dizer. e no desespero embrulhado em medo perdes a noção do tempo que não tens, perdes os abraços que seriam abrigos, abandonas crenças que já fizeram sentido e acreditas que a dissipação do agora será cortesia do amanhã. podes não ter certeza alguma, podes nunca vir a ter certeza alguma. podes não saber esclarecer-te em nada, podes não imaginar um futuro melhor. mas não dês licença a uma incerteza maior que a razão de estar vivo. e não há maior razão do que o privilégio. o privilégio da inelutável força que te incita o sonho. que te estimula os dias. que te resolve em verdade, que se apresenta em amor. | não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar |

domingo, 13 de julho de 2014

se pudesse escolher tinha nascido nos teus braços.

quero um sonho e quero viver outra vez. não acredito sequer que me faça mal aquilo que dói no retorno inevitável. é uma dor de regresso, preenchida e suportada pelo medo de falhar. na realidade somos ambos seres humanos e o impecável acontece quase sempre, e quase sempre é tanto tempo quando estás com quem amas. desfaço-me em pensamentos e nenhum existe sem ti. acredito que enquanto cresci ninguém me contou a verdade toda, ninguém me contou que seria difícil, ninguém me contou que só os melhores conseguiriam fazê-lo, ninguém me contou que amar não era apenas curar feridas mas que também incluía poupa-las. se pudesse escolher tinha nascido nos teus braços, para poupar tempo. para conhecer desde cedo o motivo da existência, para perder no meu primeiro instante todos os sentidos possíveis. para aceder ao descontrolo fatídico da alma. numa entrega total, a ti e ao mundo tambem. a minha cama está fria e tu estás ausente. mas está calor lá fora. o mundo espera-nos num abraço e se alguém acredita eu não posso contrariar esta crença. não mereço fazê-lo. efectivamente, bater com a porta é uma dor insuportável. mas foda-se, eu não conheço esta acção. creio apenas que voltar representa a sensação mais bonita de um todo que nos envolve.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

todos nós pertencemos a estrelas.

na permanência dos instantes onde te encontro em cada falha minha descubro a estabilidade que eu próprio decidi em mim. não havia tentado antes deixar ficar o inconcebível. a imaterial relação que mantenho presente numa órbita que é tua seria uma trajectória até então desconhecida, na qual hoje não tenho qualquer receio de vaguear. é involuntário. cedo ao mais íntimo desejo de ti e permito-me tocar no fundo. no fundo de nós. no reentrante abraço em que conquistaste fragmentos meus. onde desisti por completo de uma entidade particular e ofereci o poder inesgotável do degustar da pele que é minha. só minha. em parte tua, enquanto margem iminente para o amor acontecer. eu não sei se um amanhã será assim, eu sei que o hoje é assim. e o hoje pertence ao amanhã e pertence ao ontem tambem. e todos nós pertencemos a estrelas. e a fusões. e a cedências. e recapitulando uma mesma história: talvez exista uma estrela com o nosso nome cravado.