sexta-feira, 18 de março de 2011

Fuga.

Tentamos fugir dos medos que se unem a nós, mas é impossivel. Às vezes são medos que nem têm capacidade para o ser. Mas são os nossos medos e isso é incontrolável.
Admitimos o que não somos e fugimos a uma realidade obscura que escondemos com cores vivas. Esquecemo-nos que não é apenas com cores vivas que se joga. O obscuro tambem deve fazer parte do baralho, ou até contar como um trunfo, uma carta na nossa manga. Quem sabe joga assim. Aqueles que não atingem ficam à margem.
Não é uma lei, não é uma regra, é só um modo de lutar contra a insanidade.
Não o consigo fazer sempre, só às vezes. E necessito daquele exercicio idiota de contar até três e respirar fundo entre cada algarismo.
Não gosto deste lado de nós. Parte racional que nos prende no momento em que a liberdade deveria prevalecer.
Vou cortar o que me mantém ligado ao desnecessário. Vou esquecer-me que tenho alguma coisa a prender-me a isso, mesmo que seja irrelevante. Pensar não será para mim uma actividade diária, se o titulo fores tu.
E se algum dia eu tiver de mudar, não vou mudar quem sou.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Suspenso.

Tudo o que eu conseguisse fazer, seria pouco para me sentir mais perto. Tudo o que eu pudesse sentir, não chegaria para exaltar o que era mais verdadeiro num momento crucial.
Uma ínfima parte, por mais errada que fosse, queria-te fora do caminho. Para se tornar mais fácil o andar involuntário. Mas havia algo suspenso, não firme, a vaguear .. que pedia que ficasses. Não por muito tempo. Ou por um tempo infinito. Para eu puder deliciar-me. Ou para ganhar tempo e arquitectar uma boa forma que te fizesse querer sair. Para que a escolha não fosse minha. Mas para ser eu o prisioneiro de uma decisão que a ti pertencia. Não era nada do que eu queria. Mas era tudo o que eu deveria querer.
Nada do que é fácil me preenche. O vulgar não me alimenta o ego. O comum não me satisfaz. Os desejos impossivelmente insaciáveis, são os que me fazem sentir mais vivo. São os que me fazem ser, estupidamente, eu.
Mas em última análise. Em fase terminal. São aqueles que me destroem.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tela.

Vou pintar uma tela.
Vou pintá-la de branco.
E esquecer-me de ti.
Esquecer-me de mim.
Esquecer o mundo.
Vou olhar para ela sem me arrepiar.
Porque já não é nada.
Já não dói.
Já não destrói.
Já não magoa.
Perguntam-me e eu respondo sem gritar.
Porque voltei a ser só eu.
Não sei como consegui.
Mentira. Eu sei.
Eu sei porque o fiz sozinho.
Eu sei porque...
Eu sei porque sei.
E não tenho de explicar como sei.
Vou lavar os pincéis.
Com os quais pintei a tela.
Vou lavá-los porque mais tarde vou precisar deles.
Porque quando tudo voltar.
Vou utilizar o preto.
E outra tela.