segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nada nosso.

Sim, acende-me um cigarro. Acende-me um cigarro e partilha-o comigo. Partilha comigo o cigarro e a vontade tambem.
Sim, encosta-te a mim. Ou não te encostes se não quiseres. Se te encostasses estarias apoiado. Apoiado por um tempo indeterminado. Acenderíamos inúmeros cigarros. Encostar-nos-íamos infinitas vezes. Mas nunca seriamos um. Gosto que sejamos singulares. Singulares que partilham algo. Algo que não sendo partilhado não é mais que uma convulsão solitária. Solitário por ser teu e meu. E nada nosso.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Eu careço e tu tambem.

Expulsa-me de onde me deixaste. Leva-me para um lugar melhor. Leva-me para onde não haja vozes. Leva-me para onde não existam ruídos. Leva-me para espaços despegados de mim, para onde a minha identidade se confunda, para onde os sentidos sejam palpáveis, para onde estejas a habitar.
Trazer-me mais do que aquilo que trouxeste até agora não seria um acto solidário, seria um desafeiçoar das tuas fobias, um dissimular das contradições. Seria desligares-te da faceta oculta que trazes contigo e que realças sempre que me aproximo do teu inconsciente. Eu careço disso. Careço da tua coragem para me incitar o espírito. Careço de horas de felicidade numa imensidão de espaços que pretendo que sejam meus. Eu careço e tu tambem. Não dispensas pensamentos, ideias feitas e conclusões. Não dispensas as hipóteses voláteis susceptíveis de destruição. Não prescindes das sombras que não te permitem ir avante. Não dispensas o agora e é por isso que careces.