quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

amantes lúcidos.

passas uma vida inteira a tentar perceber aquilo que te motiva os dias e a razão primordial do teu bem-estar momentâneo. às vezes os outros, às vezes tu próprio. mas nunca a inexistência. não vivo por meios. por termos. se algum dia eu tiver de te entregar algo, entregar-te-ei tudo aquilo que é meu. entregar-te-ei o melhor de mim. faças com isso aquilo que fizeres, resta-me acreditar que farás o melhor. resta-me desejar que propagues em ti o relativo poder que exerço em cada passo teu. é me permitido querer que decidas em função de uma felicidade conjunta. sob a minha trajectória. e partilhar contigo tudo o que transformas em algo melhor. todas as manhãs que eu existo em sorrisos. cada lugar onde te encontro por instinto sem nunca ter de procurar por ti. eu por opção nunca aproximei do fogo um coração que com gelo havia construído. na esperança que toda uma irreverência fosse manipulada por alguém que não existia. hoje, perante a Elegia dos Amantes Lúcidos, digo que quero ter-te aqui. dono e senhor de tudo o que conquistaste.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

tudo meu, tudo teu. tudo nosso.

faltas tu, comando dos sonos confusos. faltas tu aqui, por um dia esquecido de tudo o que foi meu. por detrás do que já não tenho. por trazeres a mim, ou em mim, o inconsolável som do teu silêncio. sofremos todos os dias por crimes que outrora já foram amores. e sofremos todos os dias por momentos esquecidos que relembraram o que seria aquecer um coração adormecido. e o tamanho de tudo o que destruímos é agora tão pequeno. é agora o mísero suportar de um gemido que não é nosso. esqueceste que foste parte de alguém que um dia te quis pertencer. dá-me uma razão para não caíres por entre lembranças algures em mim. dá-me hoje uma razão para Ser. tudo meu. tudo teu. tudo nosso.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

e, se porventura

tudo se justifica em mim por saber que amanhã não vou ser digno de um abraço teu. a generalidade das minhas falhas, dúvidas e desesperos sucedem sempre o temível pensamento de não te manter vivo em mim. de não ser capaz dia após dia encender a vontade de me inundar em ti, ou de ti. de salivar por cada espaço que é teu e rasgar tudo aquilo que nos envolve. eu nunca fui aquele que se confundiu em embaraços. embaraços que eram teus. muito menos me ausentei de ti. embora me tenha anulado pelo privilégio de te ver triunfar. para que encontrasses o apoio incondicional na pessoa que eu sou. o apoio incondicional que um amante deve erguer. canalizei-te em mim. quis ser embalado por um percurso cujo final eu conhecia. deixei-me encadear por cada movimento teu. sabia que na realidade difusa e no limite deste lance, eu seria o coração que ouvirias bater, seriam os meus lábios que virias beijar e todas as injúrias derrubadas por ti. eu representar-te-ia assim a performance do amor. o símbolo máximo de um acto involuntário. amar-te-ia na melhor oportunidade que tivesse. e, se porventura, percebesse que amar ainda não sabia, serias tu o meu lancil. aceitava em nós uma troca de ideais, se disso dependesse a tua permanência. não há brilho maior que aquele que o amor inflama. nem futuros comprometidos quando decididos no coração.

palavras de uma musa portuguesa.

aqui, deposta enfim a minha imagem, tudo o que é jogo e tudo o que é passagem. no interior das coisas canto nua. aqui livre sou eu , eco da lua e dos jardins, os gestos recebidos e o tumulto dos gestos pressentidos. aqui sou eu em tudo quanto amei. não por aquilo que só atravessei. não pelo rumor que só perdi. não pelos incertos actos que vivi. mas por tudo de quanto ressoei. e em cujo amor de amor me eternizei. ¡andresen, s.¡