quinta-feira, 5 de maio de 2011

Íris.

Não estive a olhar para o relógio.
Se estivesse a olhar para algo, não seria de certo para o meu relógio.
Não me lembro, não senti, não pensei há quanto tempo estaria eu ali sentado.
Não me permitia a mim mesmo pensar, focava-me em algo muito mais excitante.
Focava-me numa imagem, focava-me num vulto, focava-me em ti.
Poderia passar horas a tentar retirar o retrato perfeito, e depois teria de conviver com o problema de não conseguir escolher qual deles seria.
Por essas e outras razões, limitei-me ao olhar. Cruzei-o, entrelacei-o, fiz linhas paralelas e perpendiculares com direcções que eram tuas, só para que houvesse intersecção.
Não era necessário, já existia.
E o que existia eu não sabia responder se alguém se lembrasse de me perguntar. Sei que existia cor, brilho e luz.. lembro-me disso quando me direccionava para ele.
Cruzei os braços, apertei as mãos, entreti-me estupidamente com o papel que restou do açúcar do café que havia bebido, tudo para ter algo que me prendesse aquela mesa e não me deixasse querer ir. Ao mesmo tempo prendia-te a ti, tentava que quisesses ficar, retirei toda a monotonia à situação cada vez que te lançava olhares diversos, sempre com intensidades que nao tinham nada haver... para que quisesses sempre saber como seria o próximo.
E tu lá ficaste, com vontade de descobrir.

Sem comentários:

Enviar um comentário